MARCAS INDELÉVEIS


Foi uma publicação  da revista "Pais & Filhos", brasileira, a qual é a tradução do artigo original publicado em "La mente es maravillosa", que esteve na origem da minha crónica de hoje. 

Não deixe de ler 

Se você é pai ou mãe
Leia este artigo, encontrará nele muitas informações úteis que o poderão ajudar a ser um pai ou mãe melhor.
Se você é filho ou filha
Leia este artigo, talvez encontre aqui algumas informações úteis que o façam compreender-se melhor a si próprio e aos seus comportamentos e atitudes.


Há feridas quase incuráveis, particularmente a "rejeição", que condicionam muitos dos comportamentos dos adultos.
Tornamo-nos adultos, é um facto, mas, dentro de nós existirá sempre a criança que fomos e, por mais que racionalizemos as nossas dores e medos de infância, os sentimentos e as emoções não obedecem, nem se "compadecem" com racionalismos, pelo que, se não houver uma compensação adequada, nem sempre é fácil ou mesmo possível sublimar completamente certos traumas.

Quando me refiro a uma compensação adequada não tenho em mente nada de específico, pois nada que venha do exterior pode, efetivamente, alterar a forma como cada um se vê a si próprio. Ultrapassar essas situações é um processo pessoal e complexo que se passa no seu interior.

A forma única, como cada um de nós "agarra" a realidade exterior e a utiliza como elemento compensador, depende exclusivamente dos seus próprios mecanismos mentais e emocionais 
Talvez que o exemplo mais flagrante e evidente, de como esses mecanismos são complexos, seja o caso da bulímia e da anorexia. Pois que, quem sofre dessas doenças, ainda que esteja esquelético e subnutrido, quando se vê ao espelho, continua a ver-se como se fosse gordo. Não são os olhos que veem, não é a razão, nem a lógica, mas sim as emoções, os sentimentos e processos psicológicos complexos que se dão na mente humana.
No entanto, a primeira coisa que temos que fazer, para conseguirmos ultrapassar e viver para além dessas marcas indeléveis, é deixar de nos comportamos como vítimas. Todos temos traumas de infância, mas, a não ser em caso de maus tratos graves e violações, em que as situações são de uma complexidade muito grande e portanto não estão no âmbito deste artigo, todos temos que crescer e comportarmo-nos como adultos que somos. E é enquanto adultos que somos responsáveis pela nossas atitudes, opções e comportamentos.
Claro que os traumas nos condicionam, mas são também  os embates da vida que nos fazem crescer e nos ajudam a tornar mais fortes e mais seguros, pois, efetivamente, ficamos com a certeza de que somos capazes de encarar os problemas e vencê-los.
Cada um é assim responsável por tomar o rumo da sua vida nas próprias mãos e pode escolher se vai ser um vencedor, ou um vencido, uma vítima, ou um "herói".
Quanto aos pais, não há cursos, nem licenciaturas ou doutoramentos para pais. Na maior parte dos casos, cada um tenta fazer o melhor que pode e sabe. mas, como seres humanos que somos, todos temos defeitos e limitações.
Em qualquer caso, o bom senso e o equilíbrio ou paz interior são sempre os melhores conselheiros e "ajudantes".



"5 feridas da infância que continuam a nos machucar na fase adulta


Muitas correntes da psicologia afirmam que o que acontece com a gente na infância vai determinar grande parte do que seremos quando adultos. Nosso emocional e principalmente a maneira com que nos relacionamos com outras pessoas estão bastante ligados à forma como vivemos quando éramos crianças.


Da mesma forma, nossos filhos assimilam enquanto são pequenos quase tudo o que vai determinar como eles vão reagir a muitas situações depois que crescerem, principalmente as adversidades e frustrações. Lise Bourbeau, autora canadense especialista em comportamento humano, listou 5 feridas emocionais que acontecem na infância e são mais determinantes nas dificuldades de relacionamentos que os adultos podem apresentar ao longo da vida. Claro, nada disso é uma regra, mas reflexões que podemos fazer diariamente. Veja quais são:

1) O medo de ser abandonado

As crianças têm muito medo da ausência dos pais, o que, para ela, caracteriza o abandono. No início da vida, nossos filhos ainda não conseguem separar a fantasia da realidade e não têm ainda noção de tempo, por isso algumas ausências podem significar para a criança abandono absoluto. Conforme a criança vai crescendo, ela vai lidando com isso de forma mais tranquila e percebendo que a presença dos pais não é possível o tempo todo, mas que eles sempre voltam ao seu encontro. Crianças que têm experiências com negligência na infância podem ter pela vida toda medo da solidão e da rejeição toda vez que não estiver perto fisicamente das pessoas que ama. Acontece que, muitas vezes, a solidão é necessária para entendermos quem somos e nem sempre as pessoas que amamos estão perto fisicamente de nós. Saber lidar com esse sentimento é importante para a vida adulta.

2) O medo de ser rejeitado

Uma das feridas mais profundas deixadas pela infância é a sensação da criança de não ter sido amada ou acolhida pelos pais ou mesmo pelos amigos na escola. Como as crianças começam a formar sua identidade a partir da maneira como são tratadas, elas podem se convencer de que não merecem afeto e passam a não se valorizar. E como já diz o provérbio: para sermos amados, primeiro precisamos nos amar.

3) A humilhação

Ninguém gosta de ser criticado. Mas a forma como as críticas são feitas muda tudo. As crianças querem que os pais as amem e que se sintam orgulhosos dela, por isso nada mais destrutivo do que chamar seu filho de estúpido, burro, fraco ou qualquer outro termo depreciativo. Quando nossos filhos cometem um erro, sentar, conversar e tentar corrigir é necessário, muitas vezes com firmeza. Mas dizer coisas para humilhar a criança vai transformá-la em um adulto dependente ou um adulto que precisa humilhar as outras pessoas para se sentir bem.

4) Falta de confiança

Nós costumamos fazer promessas para nossos filhos algumas vezes sem nos dar conta do quanto isso é sério para as crianças. Promessas não cumpridas geram um sentimento de desconfiança permanente que vai ser levado para outros relacionamentos, até mesmo os amorosos. Além disso, crianças que não conseguem confiar nos pais podem se transformar em adultos controladores. Como nem tudo na vida pode ser controlado, a pessoa pode se sentir nervosa e irritada em situações do dia a dia que poderiam ser facilmente resolvidas.

5) Injustiça

Quando alguém comete uma injustiça com a gente, os sentimentos de impotência, raiva e indignação são quase inevitáveis. As crianças sentem isso principalmente quando os pais são autoritários e frios e exigem mais do que a criança consegue dar naquele momento. Isso pode criar um sentimento de impotência e inutilidade que vai permanecer por toda a vida. Além disso, a crianças pode se tornar um adulto perfeccionista ao extremo e autoritário."

Artigo publicado na revista "Pais & Filhos"

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CADERNO DE DUAS LINHAS

O Velho e o Chaparro Abençoado

FÉRIAS