As Empresas e a Educação

No cabeçalho do portal do Ministério da Educação e Ciência podemos ler a seguinte frase:

 "É estrategicamente fundamental que as empresas se envolvam na Educação"



Esta parece-me uma ideia fundamental quer para as empresas, quer para a educação, quer para as pessoas que têm ou pretendem ter uma atividade profissional.
Nos últimos anos, temos visto os cursos universitários reproduziram-se com enorme profusão. Muitos deles, por mais interessantes que sejam os seus conteúdos, não parecem ter qualquer aplicação ao nível profissional.
Ao nível da educação de adultos ou das várias vertentes profissionalizantes observa-se, em muitos casos, um enorme desajustamento entre o tipo de oferta e as necessidades e especificidades do tecido empresarial das regiões em que está inserida.
Por outro lado, no caso de serem cursos financiados, muitos deles, previam não só o pagamento do subsídio de transporte e alimentação,  mas, também, um subsídio pela sua frequência. 
Em virtude de nem todos os cursos estarem abrangidos por esse subsídio de frequência, muitos dos que os frequentaram não escolhiam o curso, ou formação, em função do interesse que poderia ter para a sua vida profissional, atual ou futura, mas sim em função de os mesmos terem, ou não, subsídio de frequência.
A inadequação dos cursos, universitários ou profissionalizantes, às características do tecido empresarial, às oportunidades de criação do próprio emprego, ou empresa, e aos recursos naturais do país e das regiões,  parece um contra senso e revelava uma gestão deficiente e uma ausência de qualquer tipo de estratégia e coordenação entre as diversas entidades e pessoas envolvidas neste processo.
A crise económica e financeira, e a consequente crise de emprego, colocaram ainda mais em evidência esse mesmo desajustamento.
Se a escolha de um curso for realizada apenas por puro interesse académico, poder-se-á escolher qualquer curso. 
Contudo, se essa escolha se prende com o futuro profissional daqueles que o frequentam, torna-se óbvio que é missão de qualquer Ministério da Educação o estabelecer de um diálogo produtivo e estratégico, com os outros ministérios e as empresas existentes no país, com o objetivo de conhecer as necessidades e potencialidades do país e das empresas, definir prioridades, delinear planos exequíveis e contribuir para o real desenvolvimento e crescimento do país, sob pena de, se não o fizer, qualquer investimento na Educação poder ser apenas um tiro no escuro.

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